28 de dezembro de 2011

Havia chegado do trabalho, estava sozinha em casa, de novo. Mas não tinha como não estar sozinha, já que morava assim. A casa estava limpa. Luce procurava o que fazer, podia ler algum livro, mas já tinha lido todos os que tinha algumas vezes, e saber o fim da história acaba com a graça. Podia ouvir música, mas já tinha ouvido as mesmas músicas o dia todo, então o som que lhe fazia bem ia lhe fazer mal agora. Então Luce resolveu sair, sozinha, sem ter para onde ir.

Andou bastante até chegar ao parque, não, não um parque de diversões, um parque mais parecido com um bosque. Ela estava na calçada do lado de fora, o que a separava do parque/bosque era uma mureta que acabava na sua cintura e uma grade que começava onde a mureta acabava, mas subia duas vezes a sua altura, isso porque o parque/bosque não abria a noite, e a grade servia para as pessoas más não entrarem ali. Se arrepiou. Não queria pensar nelas agora.

Procurou o portão e entrou, ficou parada na entrada pensando para onde iria. Podia ir até o lago, mas havia pessoas ali. Podia comprar uma pipoca, mas havia crianças de mais ali. Ficou olhando para achar um lugar sem ninguém, então viu uma árvore, igual as outras com dois bancos, um de cada lado, mas não havia ninguém neles. Aliás eles pareciam bem mais novos que os outros. Resolveu se sentar ali. A árvore era um pouco mais alta que as outras, e uma brisa bagunçava seus cabelos, ela estava bem, sozinha, na árvore que parecia ser sozinha.

-Ei!

Ela abriu os olhos e viu um senhor a olhando com cara de espanto.

-Sim? – Respondeu.

-Porque está nessa árvore?

-Qual o problema?

O senhor franziu a testa e saiu pensativo. Louco, Luce pensou. Então voltou a fechar os olhos. E ouviu um burburinho, quando abriu os olhos viu que haviam algumas pessoas em volta olhando para ela e cochichando. Ela os encarou. Até que uma senhora disse:

-Não tem medo de ficar aí?

-Porque teria? – Luce estava confusa.

-Não sabe da história?

-Não.

-Resumindo: Houve um assassinato aí há alguns meses.

-Não sabia. Mas qual é o problema?

Todos franziram a testa e pouco a pouco foram saindo pensativos. Loucos, Luce pensou. Tornou a fechar os olhos. E assim ficou o resto da tarde, ás vezes sentia que alguém parava ali, mas ao abrir seus olhos, as pessoas faziam menção de dizer algo, mas então fechavam a boca e saiam com a testa franzida, pensativos. Qual era o problema deles? Só porque alguém foi morto naquele lugar, ele não devia ser abandonado. Era lindo. Seria o lugar de Luce agora. Sozinha com a árvore sozinha. Luce queria um cigarro, mas havia deixado o maço em casa, e estava sem um tostão no bolso, mas não queria ir embora ainda, então suportou a vontade. Passou a tarde toda ali, e quando estava escurecendo e seus membros estavam ficando dormentes, foi para casa.

Quando se levantou todos a encararam. A menina louca, diziam. Loucos eram eles, e Luce sabia. Chegou em casa, sozinha. Acendeu um cigarro e tomou um café preto, forte. Tomou um banho longo e quente. Se deitou e dormiu, sozinha. Gostava de estar sozinha, já que para ela todos eram loucos, e para todos ela era louca.

Boa noite Luce.


23:02

BeijosdaAna.

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