Tinha os olhos mais
bonitos que já vi, pretos e profundos como um buraco negro que puxa tudo para
si, claro que, assim como os buracos negros, nada passava por eles. Não sabia
dizer quando estava feliz, sabe, feliz de verdade e não apenas com os lábios. Nem
triste, nem com raiva, simplesmente escondia emoções tão bem quanto eu nunca
poderia fazer, e isso só me fascinava ainda mais. Os buracos negros em suas órbitas
não deixavam passar emoção.
Dizia que me amava,
eu não sabia se acreditava, mas me arriscava, seus olhos me puxavam para si do
mesmo modo que eu desejava que suas mãos me puxassem para si, mas nunca fazia. Dizia
que eu merecia muito mais, e não entendia que não havia nada de melhor no mundo
para mim do que aquelas pupilas supermassivas.
Tinha o melhor cheiro
do mundo pra mim: canela, o que combinava perfeitamente com sua cor, cor de
canela. Seus cabelos eram negros, não tanto quanto seus olhos, eram lisos e eu
tinha vontade de acariciá-los a todo tempo.
Tinha medo de me
fazer sofrer, não sabia que o que me fazia sofrer era não poder estar junto, quase
nunca estávamos e brigávamos sempre que estávamos. O motivo era meu vício em
bebidas, queria que eu parasse mas eu não podia parar, beber me fazia bem,
beber substituía sua falta. Mas ele não entendia, claro que não.
Sinto falta de suas
pupilas-buracos-negros-supermassivos.
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